Formação Para os Catequistas
Ninguém é uma folha em branco
Toda pessoa traz escrito no seu coração e na sua consciência uma série de valores e informações que foram impressas ao longo da vida, mesmo as crianças ainda muito pequenas trazem essas marcar.
A catequese não pode ignorar isso, ao contrário deve partir desse conhecimento como base para os novos ensinamentos.
Sendo um processo de educação da fé, somente a inter-relação entre o que já se sabe e o novo a ser apreendido poderá dar frutos e propiciar uma experiência verdadeira. Para promover essa inter-relação, o catequista deve abrir-se à escuta do outro, do catequizando, deixando de lado suas idéias, seus conceitos e mais ainda suas "verdades". Educar na fé não é simplesmente a transmissão das nossas verdades, mas é permitir que o outro encontre a verdade de Deus em si e faça uma experiência de intimidade com ela.
Por isso, o bom catequista fala pouco e ouve muito, busca constantemente ouvir o que os catequizandos dizem a partir da própria vida; quais os seus valores, sentimentos, emoções; como é seu relacionamento com a família, com os amigos; como se comporta diante dos desafios.
Será nesse conhecimento que o catequista poderá ancorar os ensinamentos a serem transmitidos e que serão fixados de modo permanente, pois a educação na fé se processa na absorção e vivência dos valores cristãos.
Catequese, Caminho para Ser Cristão
A catequese é o processo permanente de educação na fé, isto é catequese é o processo contínuo que ajuda as pessoas a ser e viver como cristão, seguidor dos passos de Jesus. Assim sendo, não se pode ser cristão e manter-se distanciado da figura histórica de Jesus de Nazaré, que morreu e ressuscitou por nós, e que Deus Pai o fez Senhor e Cristo (At 2,36). Ser cristão não é simplesmente seguir uma doutrina, uma ética, um rito ou uma tradição religiosa; "cristão" é tudo o que tem relação com a pessoa de Jesus Cristo. Sem Ele não há cristianismo, cristão é Ele próprio. Os cristãos são os seguidores de Jesus, seus discípulos. Os discípulos de Jesus foram chamados cristãos pela primeira vez na Grécia, em Antioquia (At 11,26).
A vida cristã é um caminho (At 9,2), o caminho do seguimento de Jesus. Os apóstolos, primeiros seguidores de Jesus, são modelos da vida cristã. Ser cristão é seguir o exemplo dos Apóstolos no seguimento de Jesus. Não basta imitá-los, pois toda imitação é falsa, é uma caricatura, é preciso seguir o exemplo deles. Dos apóstolos se diz que seguiram a Jesus (Lc 5,11), e a este seguimento é convocado todo batizado na Igreja. Os apóstolos não foram apenas fiéis discípulos do Mestre, que aprenderam seus ensinamentos como os jovens aprendem de seus professores. Ser discípulo de Jesus implicava estar com ele, fazer parte de sua comunidade, participar da sua missão e do seu próprio destino (Mc 3,13-14; 10,38-39); seguir a Jesus hoje não significa imitar mecanicamente seus gestos, mas continuar seu caminho. O cristão é aquele que escuta, como os discípulos, a voz de Jesus que diz: "Segue-me" (Jo, 1, 39-40; 21, 22) e se põe a caminho para segui-lo.
Mas "seguir a Jesus" pressupõe o que?
"Jesus veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância" (Jo 10,10).
Numa sociedade onde muitos são excluídos e marginalizados, sem condições de ter vida de gente, esta mensagem de vida só se faz presente na contramão. Deus não se coloca do lado dos que crucificam, mas sim ao lado dos crucificados, para tirá-los da cruz. Mesmo a um dos ladrões, quando crucificado, Jesus disse: "Hoje mesmo estarás comigo no paraíso" (Lc 23,43).
Numa sociedade que crucifica, seguir Jesus para anunciar o Reino significa assumir com ele a mesma luta em defesa da vida, participar do mesmo destino, "estar com ele nas tentações" (Lc 22,28), inclusive na perseguição (Jo 15,20; Mt 10,24-25), e na morte (Jo 11,16).
A prática libertadora de Jesus é também restauradora, Ele devolve a vida digna ás pessoas, não com gestos assistencialistas, mas com atitudes transformadoras que libertam pela raíz "... seus pecados estão perdoados... eu ordeno a você: Levante-se, pegue a sua cama e vá para casa" (cf. Mc 2, 1-12). A pessoa pode andar por si só, voltar para casa carregando seu próprio fardo, sem depender da caridade de outros, e isso a transforma por dentro e faz dela mais um discípulo ou discípula.
A catequese deve educar as pessoas para que sigam os passos de Jesus e realizem essa transformação na sociedade, devolvendo a vida plena aos irmãos mais pobres e sofredores. Isso é ser cristão!
A Missão do Catequista
"Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28, 19-20)
Esses versículos finais do Evangelho segundo Mateus apresentam a herança que Jesus deixa a seus discípulos, o envio para evangelizar todos os povos e nações. E esse mandato é especialmente endereçado aos que a comunidade chama para a missão de catequizar.
Catequistas são pessoas escolhidas, a exemplo dos apóstolos, para anunciar a Boa Nova a todos os povos. São a voz de Jesus na comunidade catequizadora. São eles que vão ao encontro dos que ainda não conhecem a Jesus, ou pouco o conhecem.
Porém, a missão do catequista não é fazer pregação, não é anunciar com um megafone em punho. A missão do catequista é menos falar e mais viver o Evangelho, pois, o que atrai as pessoas não são as palavras, mas a forma de ser e de viver.
Quando Jesus andava pela Galiléia e pela Judéia, as multidões o seguiam, não pelas palavras que Ele dizia, pelos ensinamentos que transmitia, mas pela forma como acolhia todas as pessoas, como se compadecia dos doentes e oprimidos, como se preocupava em devolver a dignidade aos mais fracos e pequenos.
Jesus atraia as multidões porque vivia o Evangelho, ele era a Boa Nova, e olhar para Jesus fazia ver o Reino de Deus que ele anunciava.
Essa é a herança que ele deixou; a missão que hoje é destinada a todos que o seguem, e de modo especial aos catequistas.
A missão de todos os catequistas é testemunhar Jesus, vivo no meio de nós, com seus gestos. É anunciar o Evangelho com a própria vida. É fazer o Reino acontecer, dando aos catequizandos a oportunidade de fazerem a experiência de Jesus no meio deles.
com minha benção
Pe.Emílio Carlos+
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