CIDADE DO VATICANO - O Papa Bento XVI reconheceu nesta sexta-feira o milagre atribuído ao Papa João Paulo II, e anunciou que a cerimônia para sua beatificação será no dia 1º de maio. O fim do processo - um dos mais rápidos da história da Igreja - é um novo passo para que João Paulo II se torne santo, o que ainda requer o reconhecimento de um segundo milagre para a realização de sua canonização.
Bento XVI reconheceu que a recuperação da freira francesa Marie-Simon-Pierre, que sofria do mal de Parkinson, foi um milagre realizado por seu antecessor. João Paulo II também sofria da doença. O atual pontífice celebrará a cerimônia de sua beatificação, que ocorrerá no primeiro domingo depois da Páscoa, data que coincide com o dia da Divina Misericórdia, instituído pelo próprio João Paulo II.
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- O sentido da misericórdia foi central no Pontificado de João Paulo II - disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, explicando que a beatificação não será em 2 de abril (dia da morte do Papa) porque, neste ano, a data cai durante a Quaresma e não é um período apropriado para a cerimônia.
O Código de Direito Canônico prevê uma espera de ao menos cinco anos após a morte dos responsáveis pelos milagres para a abertura do processo de beatificação, que podem durar décadas, mas os trâmites foram acelerados por Bento XVI no caso de João Paulo II, que morreu em abril de 2005, aos 84 anos. Um mês depois, seu sucessor deu início aos procedimentos.
Esse era o pedido da multidão que acompanhou o funeral do Papa, em 8 de abril de 2005, com gritos de "santo súbito". Para que alguém seja beatificado, é preciso a comprovação de um milagre. Para a canonização, são dois milagres.
Vítimas de abusos sexuaisi cometidos por padres reclamam
Vítimas de abusos sexuais cometidos por padres e revelados recentemente numa onda de escândalos que abalou a imagem da Igreja protestaram contra a rapidez do processo de beatificação de João Paulo II, destacando que o Papa falhou ao não reconhecer a extensão do problema que os atingiu. Segundo o grupo americano SNAP, que representa as vítimas, foi durante seu pontificado que ocorreu a maioria dos casos de abuso documentados e dos acobertamentos.
O pontificado de João Paulo II, que durou 27 anos (1978 - 2005), foi um dos mais turbulentos dos tempos modernos, com acontecimentos históricos marcantes, como o fim dos regimes comunistas da Europa Oriental, inclusive na Polônia, onde nasceu, em 1920, e foi batizado como Karol Wojtyla. Primeiro não italiano no cargo em 450 anos, ele foi gravemente ferido num atentado em 1981 e se tornou um dos Papa mais populares da História.
Freira acordou curada dois meses após a morte do Papa
Dois meses após a morte de João Paulo II, a freira que teria sido curada por seu milagre disse ter acordado sentindo como se tivesse nascido de novo, curada do mal de Parkinson que a impedia de andar e escrever. Ela e outras irmãs da Congregação das Pequenas Irmãs das Maternidades Católicas haviam rezado para o Papa, que no fim da vida sofria da mesma doença.
No ano passado, foram levantadas dúvidas sobre o diagnóstico de que a freira sofria de Parkinson. Na última sexta-feira, porém, a Congregação para a Causa dos Santos disse que médicos apontados pelo Vaticano estudaram o caso "meticulosamente" e determinaram que a cura da mulher não tinha qualquer explicação científica.
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