Sacramento é um sinal sensível,
instituído por Jesus Cristo, para nos conferir a graça.
No sinal sensível, distinguem-se a matéria e a forma. A primeira pode consistir num objeto (água, óleo, pão) ou num ato (imposição das mãos, etc); e a segunda, a forma, são as palavras que, juntas à matéria, constituem o sacramento, formam um só sinal – com a significação e efeito próprios.
A forma determina o sentido da matéria. Derramar água na cabeça de uma criança poderia ser para lavá-la fisicamente, mas as palavras usadas no Batismo dão a este ato a significação espiritual.
A matéria dos sacramentos é relacionada com o efeito: no Batismo (pela água) nos lavamos (do pecado original); na Eucaristia (pelo pão) nos alimentamos (espiritualmente), e assim por diante.
Um sacramento bem administrado (com matéria e forma certas e juntas) produz o efeito próprio, independentemente do valor de quem o administra – porque é o próprio Deus quem age por meio dele. A virtude dos sacramentos vem dos méritos de Jesus Cristo e não da pessoa que os executa.
Os sacramentos são sete – e relacionam-se com toda a nossa vida.
Há uma perfeita comparação entre a vida natural e a sobrenatural:
- O homem nasce
O Batismo o faz nascer para a graça;
- O homem cresce e fortifica-se
A Crisma tem essa função no plano espiritual;
- O homem alimenta-se
A Eucaristia é o Pão da Vida, o alimento da alma;
- O homem cura-se
A penitência é o remédio para a chaga espiritual, o pecado;
- O homem na enfermidade e velhice, refaz-se
A Unção dos enfermos alivia, consola e prepara para a morte;
- O homem vive em sociedade, sob uma autoridade hierárquica
A Ordem perpetua o ministério sacerdotal;
- O homem propaga a espécie
Esta é a função do Matrimônio.
Todos os sacramentos nos dão a Graça Santificante.
Mas uns levam a alma ao Estado de Graça, tirando-a do pecado: levam a alma da morte para a vida – por isso são chamados: sacramentos de mortos. Estes são o Batismo e a Penitência – e a graça que conferem se chama graça primeira.
Os demais também produzem também a graça santificante, mas só podem ser recebidos por quem já está em estado de graça, chamando-se, por isso, de sacramentos de vivos. A graça que conferem, é um aumento da já existente na alma, é chamada graça segunda.
Além disso, cada sacramento produz uma graça própria – a graça sacramental, isto é, um direito às graças atuais necessárias para cumprir as obrigações impostas pelo sacramento. No Batismo, por exemplo, recebe-se além da graça primeira, recebe-se as graças atuais necessárias para se viver cristãmente.
Existem três sacramentos que marcam definitivamente a alma que os recebe (e, por isso, são recebidos uma só vez). Eles imprimem, na alma, um sinal espiritual que jamais se apaga. São o Batismo, a Crisma e a Ordem. Um padre, por exemplo, pode ser dispensado de suas obrigações sacerdotais, porém, jamais deixará de ser padre. Viverá, talvez, desordenadamente, mas o sacramento da ordem o acompanhará à eternidade.
E, já que essa marca se chama caráter (caráter = marca de Jesus Cristo na alma), o cristão, simplesmente batizado e, mais ainda, o crismado e, com mais forte motivo, o ordenado, deve distinguir-se pelo caráter.
Sacramentais
São coisas (objetos bentos) ou ações ( bênçãos, consagrações) instituídas pela Igreja, com o fim de, produzirem efeitos temporais e, principalmente, espirituais. Têm grande semelhança com os sacramentos: são sinais sensíveis e produzem a graça, e alguns deles têm a mesma matéria água, pão, óleo, etc.
Contudo, são distintos dos sacramentos. Estes foram instituídos por Jesus Cristo e, por Sua própria virtude, produzem a graça santificante.
Os sacramentais, de instituição eclesiástica, em virtude das preces da Igreja, produzem a graça atual, podendo, também, produzir efeitos temporais.
O poder de instituir os sacramentais foi dado à Igreja por Jesus Cristo.
Ele mesmo falou aos Apóstolos: "Em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz a esta casa" – o que não era uma simples saudação, mas uma verdadeira bênção, que produzia realmente a paz, havendo disposição na pessoa – como se vê na sequência: "Se ali houver um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; se não houver, retornará para vós" (Lc 10, 5-6).
Além disso, deu-lhes claros poderes sobre os demônios e males físicos:
"Reunindo os seus doze apóstolos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para que os expulsassem, e curassem toda doença" (Mt 10, 1)
Os sacramentais podem ser classificados em categorias:
São Pedro, o primeiro Papa, já o experimentara quando advertiu:
"Sede sóbrios e vigiai, porque o demônio, vosso adversário, anda ao redor, como um leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé, sabendo que os vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem as mesmas coisas" (1Pd 5, 8-9).
Bênçãos consecratórias
Sacramentais que, de maneira permanente, consagram pessoas ou coisas ao serviço de Deus, como, por exemplo, a profissão religiosa ou a bênção de sinos, sagrações de igrejas, altares etc.
Bênçãos invocativas
Orações da Igreja, pedindo favores de Deus. Bênçãos dadas não só a pessoas, mas, também, a animais ou coisas (casa, hospital, escola, veículo, remédio, etc.) Orações como o Sinal da Cruz e o Ofício divino.
Objetos Bentos
Medalhas, velas, ramos, cinzas, imagens, etc.
Os sacramentais nada têm a ver com amuletos, "orações fortes", etc. Foram instituídos pela Igreja, pelo poder que lhe deu Jesus Cristo. Por meio deles a Igreja nos ensina a santificar todos os atos da vida cotidiana.
Ao receber uma bênção ou ao usar objetos bentos devemos confiar na bondade de Deus e na oração da Igreja. Esperar o auxilio só dos sinais sensíveis é superstição.
Tanto os sacramentos como os sacramentais têm sua validade independente dos méritos de quem os aplica. Toda a sua força vem de Cristo, a verdadeira fonte de Vida e Santidade.
Pelos sacramentos vivemos na Igreja, unidos a Jesus Cristo. A Mãe Igreja, pelos sacramentos, gera e sustenta seus filhos – e, pelos sacramentais, acompanha-os a cada passo, pondo em tudo a sua marca de eternidade, o sinal de seu amor.
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