A gloriosíssima Virgem, pela qual "grandes coisas fez Aquele que é Todo Poderoso"
A tradição dos Anciãos e dos Pais da Igreja
14. Nossos Predecessores, Padres e escritores eclesiásticos, instruídos pelos divinos ensinamentos, nos livros que escreveram para explicar a Escritura, aplicaram-se, sobretudo, com muito cuidado, zelo e esforço, objetivando defender os dogmas e instruir os fiéis, pregar e exaltar, em múltipla e maravilhosa porfia, a suma santidade, a dignidade e a imunidade da Virgem, sua preservação de toda mancha do pecado, e a sua plena vitória sobre o crudelíssimo inimigo do gênero humano.
24. Deste nobre e singular triunfo da Virgem, da sua excelentíssima inocência, pureza e santidade, da sua imunidade do pecado original, e da inefável abundância e grandeza de todas as suas graças, virtudes e privilégios, viram, os mesmos Padres, uma figura da arca de Noé, que, construída por ordem de Deus, ficou completamente salva e incólume do naufrágio comum (Gn VI-IX); viram na escada contemplada por Jacó, aquela escada, que se elevava da terra ao céu, em cujos degraus os Anjos de Deus subiam e desciam, e sobre a qual estava o Senhor (Gn XXVIII, 12); na sarça ardente vista por Moisés, a se esbrasear por todos os lados no lugar santo e que, longe de ser consumida pelas chamas crepitantes, não sofria dano algum, mas mantinha-se verde e mais e mais florescente (Êxodo III, 2) (...).
26. Depois, quando os mesmos Padres e os mesmos escritores eclesiásticos consideravam que, ao dar à beatíssima Virgem o anúncio da altíssima dignidade de Mãe de Deus, por ordem do próprio Deus, o Anjo Gabriel lhe chamara “Cheia de graça" (Lc 1, 28), consideraram que, com esta singular e solene saudação, pronunciadas em nome de Deus e por ordem sua, até então jamais ouvida, se demonstrava que a Mãe de Deus era a sede de todas as graças de Deus, ornada de todos os carismas do Espírito Divino; era, igualmente, um tesouro quase infinito e um abismo inexaurível dos mesmos carismas; de modo que, ela não somente jamais esteve sujeita à maldição, mas foi também, juntamente com seu Filho, participante de perpétua benção: digna de ser aclamada por Isabel, movida pelo Espírito de Deus: "Bendita és entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre" (Lc 1, 42).
“Lírio entre os espinhos”;
“Terra absolutamente intacta”,
“terra virginal,
ilibada,
imaculada,
sempre abençoada e livre de todo contágio do pecado,
da qual foi formado o novo Adão”
“Terra absolutamente intacta”,
“terra virginal,
ilibada,
imaculada,
sempre abençoada e livre de todo contágio do pecado,
da qual foi formado o novo Adão”
27. Destas interpretações se infere, clara e concorde, a opinião dos Padres. A gloriosíssima Virgem, pela qual "grandes coisas fez Aquele que é Todo Poderoso", resplendeu de tal abundância de todos os dons celestes, de tal plenitude de graças, de tal magnificência de santidade e de tal inocência, que se tornou como milagre inefável de Deus, por excelência, ou mesmo a obra-prima de todos os milagres, a digna Mãe de Deus; de modo que, ela encontra-se próxima de Deus, tanto quanto seja possível a uma criatura, e, assim, está acima de todos os louvores; os dos Anjos e os dos homens.
Expressões de louvor
29. Por isto, eles nunca cessaram de nomear a Mãe de Deus com os títulos mais belos: “Lírio entre os espinhos”; “Terra absolutamente intacta”, “terra virginal, ilibada, imaculada, sempre abençoada e livre de todo contágio do pecado, da qual foi formado o novo Adão”; “um perfeito Jardim, Paraíso de inocência e de imortalidade, delicioso, plantado pelo próprio Deus, e defendido de todas as insídias da serpente venenosa”; e mais, “um lenho imarcescível, que o verme do pecado jamais corroeu”; ou ainda, “fonte sempre límpida e lacrada pelo poder e pela virtude e do Espírito Santo”; “um templo divino”; “um tesouro da imortalidade”; “a única filha, não da morte, mas da vida”; “uma produção não de ira, mas de graça”, a qual, embora despontasse de uma raiz corrompida e infecta, por uma divina e providencial exceção à lei geral foi sempre “verdejante e florescente”.
Pio IX,
Constituição apostólica "Ineffabilis Deus", para a definição e a proclamação do Dogma da Imaculada Conceição, 8 de dezembro de 1854
com minha benção
Pe.Emílio Carlos+
Fonte: Ani Ledodi Vedodi Li
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