A água que brota na fonte silenciosa dá seu grito de dor, ao escorrer nas escarpas rochosas que, sem piedade, a ferem, sem escrúpulo e sem sentimento.
Até parece o grito do homem que, ferido na vida pela maldade de outros, é surdo, calado, passivo... Silencioso foi levado ao martírio o Filho do Homem, como a água da fonte, mas Ele, calado por amor, por salvação, por redenção: "Pai, perdoa-lhes!".
Há no mundo os que gritam por seus direitos, muitos não sabem respeitar o direito dos outros. Ele deu o "direito de o ferirem" e concedeu o "direito" de salvação. Interessante! Ainda encontrar quem não acredita n'Ele.
Se assim é, isso é pura arrogância! Coisa terrível é a arrogância! Mas como se iludem os homens, foi ouvido um grito de uma mulher, a primeira que nos sentimentos e na ternura femininos foi logo cedinho, bem lá na fonte, para matar sua sede de saudade. Surpresa, a tumba estava vazia! Correu sem medida para levar essa notícia. Outros quiseram vir e ver, e não se lembraram de sua Palavra: "Vinde e vede!" E a alma deles se encheu de espanto: "Ele não está aqui. Ressuscitou!".
Foram despertados pela saudade, que faz a gente correr outra vez ao encontro da fonte, onde renasce o desejo do amor e o desejo da volta.
Não seria tudo isso sacramento para nós? A mulher é sacramento da ternura de Deus - às vezes temos medo ou não sabemos dizer da ternura de Deus. Somos racionais demais e, se fugimos da lógica, as coisas parecem erradas.
O povo traz na vida sua paixão, sua dor, sua morte. A fonte que jorra sem medo a água que vem do seio da terra é como a fonte de eterno amor, silenciosa, calada, ressuscitada. Ele falou das crianças, dos pássaros, da beleza dos campos e dos lírios, da singeleza e da pureza do coração...
O seu grito foi de amor: "amai-vos uns aos outros", expulsando para longe o desejo do poder como norma de vida. O seu grito foi de silêncio e de misericórdia. Quem não se entusiasma nem vibra com a ressurreição é bom rever seus conceitos de fé. Cada palavra d'Ele é oração, mesmo que tenha sido apenas balbuciada... A vitória dos loucos dura pouco, a do amor não termina nunca!
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