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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Cristãos leigos, protagonistas da nova evangelização!

Antes do Concílio Vaticano II, a mentalidade do povo, em geral, era que Igreja era formada por sacristãos, freiras, padres, bispos, cardeais, papa.
O povo assistia à missa, que era celebrada em latim e algumas expressões que o padre falava, de costas para o povo, ficavam na memória daqueles mais atentos que, ao ouvi-las, percebiam, mais ou menos o desenrolar da missa, desde o “intróito” até o “último Evangelho”.

Hoje o cristão leigo é convidado a participar e participar ativamente. Não se assiste à missa como mero expectador, mas participa-se da missa. Se o padre, antes, era o celebrante, agora, ele é presidente da celebração. Celebrante é toda a assembléia dos fieis. Se outrora, para cumprir o preceito de assistir à missa, bastava estar presente na igreja, nos dias atuais, cada cristão deve acolher a mesa da Palavra e a mesa Eucarística, com participação efetiva.

Somos todos Igreja. Até o Código de Direito Canônico trata em primeiro lugar do povo de Deus para depois apresentar a hierarquia eclesiástica. O clero é Igreja, o leigo é Igreja. Homens, mulheres, crianças, jovens, idosos, brancos, negros, pobres, ricos, somos todos Igreja.

Precisamos do trabalho dedicado e incansável do presbítero, mas também precisamos da atuação firme do cristão leigo, não só nos trabalhos religiosos, mas também em todas as áreas da vida.

Não se pode ser cristão só na igreja. É preciso ser cristão na família, no trabalho, no lazer, no convívio com as pessoas, enfim, na sociedade como um todo.

A Igreja precisa da participação dedicada do leigo, pois todos nós somos Igreja, particularmente nesse tempo de mudança de época em que somos todos chamados a proclamar o Evangelho chamando os indiferentes para viver a fé viva em Nosso Senhor!

Os cristãos leigos são chamados a participar na ação pastoral da Igreja, antes de tudo, com o testemunho de vida e, depois, com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e outras formas de apostolado, segundo as necessidades locais, sob o guia de seus pastores. Os nossos leigos precisam fazer a grande experiência de um encontro com Jesus Cristo. Só assim poderão tornar-se discípulos e seguidores do Cristo vivo e ressuscitado. Nossas paróquias estão encarregadas para organizar retiros e encontros de oração, para que todos aqueles que se apresentam para viver esta experiência especial de graça e de oração e possam, a exemplo de Paulo, viver a alegria de uma profunda transformação de suas vidas.

Nossa Paróquia unida à Diocese coloca em prática, com as Santas Missões Populares, o desejo dos bispos reunidos em Aparecida: “Para cumprir sua missão com responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de sólida formação doutrinal, pastoral, espiritual e adequado acompanhamento para darem testemunho de Cristo e dos valores do Reino, no âmbito da vida social, econômica, política e cultural” (DA 212).

Acompanhando nossas pastorais, movimentos e associações queremos despertar nossos fiéis batizados a serem leigos que vivam intensamente a missionariedade e o discipulado anunciando Jesus Cristo em todas as esferas da sociedade para que o mundo viva e celebre os mistérios da nossa fé.

Por: Padre Wagner Augusto Portugal

sábado, 21 de agosto de 2010

Catequista, você é especial para Deus!


CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética

Brasília‐DF, 24 de junho de 2010

CAT-C-
Queridos/as Catequistas

Catequista, você é especial para Deus!
Sua VOCAÇÃO foi gestada no coração do Pai, para que pudesse chegar aos corações dos seus filhos e filhas com a mensagem da VIDA: Jesus Cristo.


O último domingo de agosto é o DIA DO CATEQUISTA. É com admiração, reconhecimento egratidão que a Igreja celebra essa festividade. Celebrar o DIA DO CATEQUISTA é sempre uma GRAÇA,motivo de alegria e de reflexão mais profunda sobre o SER DO CATEQUISTA, sua vocação e missão naIgreja e sociedade. Sentimos ainda os “ECOS” e a chama da esperança que ardeu em nosso coração com a realização da Terceira Semana Brasileira de Catequese.

Sentimo‐nos movidos pela força do Espírito, que nos chama e envia, pelas intuições e propostas do tema da Terceira Semana Brasileira de Catequese: “Iniciação à Vida Cristã”. Nesse Espírito, celebrar o dia do Catequista tem um significado especial, pois são vocês, catequistas, os protagonistas, aqueles que fazem com que o processo de um NOVO JEITO DE FAZER CATEQUESE seja possível. Portanto, confiamos em cada um de vocês, com seus dons partilhados, junto com as forças vivas de toda a Igreja, as comunidades, as pastorais, os movimentos, para que a iniciação à vida cristã seja possível.

Ao celebrar o DIA DO CATEQUISTA queremos refletir sobre a vocação do catequista, que é a vocação do Profeta ‐ aquele/la que fala em nome de Deus e da comunidade a que pertence. A iniciativa sempre parte de Deus. O chamado a ser catequista não é algo pessoal, mas obra divina, graça. A missão do catequista está na raiz da palavra CATEQUESE, que vem do grego Katechein e quer dizer (fazer eco). Logo, catequista é aquele/la que se coloca a serviço da Palavra, que se faz instrumento para que a Palavra ecoe. O Senhor chama você para que, através da sua vida, da sua pessoa, da sua comunicação, a Palavra seja proclamada, Jesus Cristo seja anunciado e testemunhado.

Catequista, você não é só transmissor de idéias, conhecimentos, doutrina, pois sua experiência fundante está no ENCONTRO PESSOAL com a pessoa de Jesus Cristo. Essa experiência é comunicada pelo SER, SABER e SABER FAZER em comunidade (DNC 261).O ser e o saber do catequista sustentam‐se numa espiritualidade da gratuidade, da confiança, da entrega, da certeza de que o SENHOR está presente, é fiel.

Sabemos das dificuldades que enfrenta para realizar a sua missão, mesmo assim teimosa e dedicadamente prossegue neste peregrinar de partilha, de despojamento e aprendizagens.

Isso demonstra que você cultiva uma profunda espiritualidade alicerçada na Palavra, nos sacramentos, na vida em comunidade. É a experiência do discípulo missionário que vai se configurando na sua trajetória de avanços, desafios e alegrias. É a pedagogia divina, que se concretiza na sua vida permeada de fragilidades e grandeza, medos e coragem, HUMANA e HUMANIZADORA.

É com a certeza da ação amorosa do Deus da Vida que você assume a missão de profeta que ouve o chamado de Deus: “Levanta‐te e Vai à Grande Cidade (Jn 1,2). Seu anúncio é traduzido em atitudes proféticas que testemunham os valores evangélicos, é o SER DO CATEQUISTA partilhado na sua inteireza, no serviço generoso, para que o REINO aconteça.

Catequista, que a experiência do encontro com Jesus Cristo seja a força motivadora capaz de lhe trazer o encantamento por esse fascinante caminho de discipulado, cheio de desafios que o fazem crescer e acabam gerando profundas alegrias.

Catequista, nesse dia acolha o abraço de gratidão de milhares de pessoas, vidas agradecidas, pela sua presença na educação da fé de crianças, adolescentes, jovens e adultos. Em sua ação se traduz de uma forma única e original a vocação da Igreja‐Mãe que cuida maternalmente dos filhos que gerou na fé pela ação do Espírito.

Querido/a Catequista, PARABÉNS! Que a Força da Palavra, continue a suscitar‐lhe a fé e o compromisso missionário !

Que os sacramentos sejam a fonte inesgotável da misericórdia, da reconciliação, da justiça e do REENCANTAMENTO.

Que a comunidade continue sendo o referencial da experiência do Enconto com Cristo naqueles que sofrem, naqueles que buscam acolhida e necessitam ser “CUIDADOS”.

A benção amorosa do PAI,
que cuida com carinho dos seus filhos e filhas,
que um dia nos chamou a viver com alegria a vocação do discípulo missionário, esteja na sua vida, na vida da sua
comunidade hoje e sempre.

Fraternalmente,

Dom Eugênio Rixen
Presidente da Comissão Para Animação Bíblico‐Catequética

Dia do Catequista

Dia do Catequista

29 de Agosto - Dia do Catequista

Quando Jesus se sentava entre os amigos e os discípulos e lhes falava de Deus

Quando se esquecia das horas passadas felizes debaixo da sombra das árvores para revelar a Boa Nova a todos, quando abria seu coração para ensinar a rezar, a cuidar da vida, a ser bom, a buscar a verdade e a justiça, a chamar Deus de Pai, Paizinho, Jesus era catequista.

Quando Maria, lá na sua casa de Nazaré, colocava Jesus menino em seus joelhos e lhe falava de Deus e lhe explicava a história do povo de Israel, quando juntos rezavam os salmos, quando ela abria seu coração e louvava ao Senhor, cantando como os anjos do céu, Maria era catequista.

Quando Ana, mãe de Maria, chamava a filha junto de si e lhe falava das promessas de Deus, quando lhe lembrava as profecias que anunciavam o Messias, quando rezavam juntas para que o Salvador viesse logo, Ana era catequista.

E a história vai longe no tempo passado e irá mais longe no tempo futuro, porque ser catequista é uma alegria muito grande, porque é transmitir a preciosíssima herança da fé, o bem mais importante que uma família pode legar a seus filhos, que uma comunidade pode dar a seus irmãos. Porque ser catequista é aceitar um dom de pura doação e felicidade, visto que só é possível falar da abundância do coração. Porque ser catequista é assumir também o testemunho de vida, visto que a palavra ensinada precisa ter o eco dos gestos e dos sentimentos, e dos atos e do olhar. Porque ser catequista é ser sempre discípulo e um pouco mestre, sempre disponível e missionário.

Mas a maior alegria de ser catequista é viver se sentindo como que junto a Jesus, debaixo das árvores, ouvindo-o falar de Deus. Naquelas horas de encontro, de partilha e pura felicidade, parece que Maria nos toma em seu colo de Mãe e os anjos se aproximam para louvar ao Senhor. Porque a catequese pode ser como que um pedacinho de Paraíso, espaço e tempo de busca e encontro de Deus.

Maria, a Catequista Discípula Missionária


Maria, a Catequista
Discípula Missionária


“Eis aqui a serva do Senhor! Faça –se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1, 38).

O Ano Catequético Nacional é uma oportunidade de olhar para Maria como a catequista que aos pés da cruz soube educar a comunidade dos discípulos no itinerário da fé. Ela continua formando os verdadeiros discípulos missionários para que possam responder com fé, entusiasmo, perseverança e compromisso permanente o grande chamado que seu Filho Jesus Cristo faz a todas as pessoas. Ele deseja acentuar “a carinhosa e profética presença de Maria, educadora de seu Filho Jesus e discípula fiel do Pai para ajudar-nos a sermos dóceis ao que o Espírito diz às Igrejas (cf Ap 21, 21), neste momento da história”(1).

Ao falar de Maria, a discípula missionária do Pai, há que considerar que missionar e evangelizar para nós significam levar a Boa Nova do Evangelho testemunhando com a vida o que anuncia. Esta a meu ver é tarefa principal dos catequistas evangelizadores. Este é o mandado que a Igreja, povo de Deus, recebeu do próprio Jesus Cristo (cf. Mc 16, 15; Mt 28; Jo 20, 21). Neste Ano Catequético redescobrir Maria como discípula missionária do Evangelho é para nós catequistas uma aventura fascinante e encantadora.

A discípula missionária fiel até o fim. Na catequese dos escritos joaninos, Maria aparece como a mediadora da fé em Caná da Galiléia (cf. Jo 2, 1-12), a mãe da Comunidade, sob a cruz, (cf. Jo 19, 25-28) e figura da Igreja e da Nova Criação (cf. Ap 12). Observe que o evangelho de João só traz dois textos diretamente referentes à Maria e são centrais na vida de Jesus. Em Caná, o discipulado de Maria está ligado com o momento da inauguração da vida pública de Jesus; e no Calvário com o momento culminante da “Hora de Jesus”. O discipulado de Maria marca na comunidade joanina a hora da revelação nas bodas em cana e a hora máxima, da cruz, o cumprimento da profecia. Maria está numa atitude de discípula fiel. Se coloca de pé, símbolo da prontidão e do discipulado. Ela é entregue ao discípulo amado. Permanece agora no caminho do discipulado realizando com comunidade a vontade de Deus.

A discípula missionária catequista da comunidade cristã. Em Atos dos Apóstolos Lucas narra sobre a comunidade reunida em oração em torno do Projeto do Ressuscitado, na espera da promessa: o Espírito Santo. No dinamismo orante da comunidade, encontra-se a pessoa de Maria a mulher discípula, atenta às necessidades da Igreja nascente. A Mãe de Jesus aparece em atitude de oração para que se realize a promessa, e venha o Espírito que faz nascer a Igreja e revela o sentido das Palavras de Jesus para a vida das Comunidades. Observe-se que em Lucas no início do Evangelho, Maria se tornara a Mãe de Jesus pela obediência à Palavra. Agora, no início dos Atos, ela se torna Mãe da Igreja pela mesma atitude orante diante da Palavra. Ela é a referência para os discípulos e discípulas permanecerem assíduos à oração e ao ministério da Palavra (At 6,4). Podemos dizer que três qualidades caracterizam o grupo reunido em oração: eles estão numa atitude de espera, têm os mesmos sentimentos e perseveram na oração (At 1,14-15).

A discípula que vence o dragão. No Livro do Apocalipse há uma referência a Maria, mulher forte a corajosa, modelo de discípula perseguida e perseverante. Ela é aquela que luta e vence o mal (Ap 12). É a discípula radiante de esplendor da graça de Deus. A mulher grávida que, em meio a dores, dá à luz o Messias, é Maria. Na mulher apocalíptica, a Igreja vê a si própria, chamada a "gerar" Cristo na História. Compete a ela, continuar atualizando a vitória de Cristo na vida dos cristãos (cf. 1Cr 15, 25-28).

Que o Ano Catequético Nacional nos ajude a redescobrir a beleza da vocação ao discipulado missionário, fruto da consagração batismal. A vocação ao discipulado missionário é convocação à comunhão em sua Igreja. Não há discipulado sem comunhão... “A fé nos liberta do isolamento do eu, porque nos conduz à comunhão”. (cf. DA 156). Na realidade do Povo de Deus, “a comunhão e a missão estão profundamente unidas entre si. A comunhão é missionária e a missão é para a comunhão” (cf. DA 163). Maria, Mãe e discípula do Senhor nos ajude a participar ativamente da ação missionária da Igreja. Que o Espírito de Pentecostes, derramado sobre os Apóstolos, nos anime a sair e anunciar Jesus caminho, verdade e vida.

Ir. Maria Aparecida Barboza, ICM
Ex-assessora da Comissão para Animação Bíblico-Catequética

(1) CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Catequese, caminho para o discipulado. Texto Base do Ano Catequético Nacional, no 19. 2009

Fonte: CNNB

Vocação e Missão do Catequista


Vocação e Missão do Catequista

Em sua mensagem aos catequistas, Dom Eugênio Rixen, Presidente da Comissão Episcopal para Animação Bíblico-Catequética da CNBB, destaca os preparativos para o Ano Catequético e a missão do catequista, que é “nutrir e manter acesa a chama da esperança e da fé, pedindo ao Senhor que permaneça nas famílias, nas comunidades, na Igreja-Comunhão, espaço privilegiado da partilha, onde todos se sentem família, membros de um só corpo, porque reconhecem o Cristo partido e repartido não somente na eucaristia, mas na vida dos irmãos e irmãs e que a Boa Nova chegue aos corações e desperte a solidariedade, a inclusão e a justiça.

Reconhecemos a importância deste ministério para a vida da Igreja; milhares de catequistas cumpriram e continuam cumprindo, com determinação e amor, a missão que Deus lhes confiou neste chão de Rondônia. Nas visitas pastorais constato que, mesmo nas comunidades mais distantes, sempre tem a catequese, mesmo que ninguém tenha feito algum curso ou participado de algum encontro. Sempre vai haver uma pessoa que acolhe a inspiração de Deus e começa a reunir os jovens e as crianças para educá-los na fé. Há comunidades que são verdadeiras expressões da catequese de adultos; favorecem uma educação da fé, ligada mais à vida da comunidade. Pela catequese a graça de Deus é acolhida, as mentes se abrem para a verdade do Evangelho, e os corações são motivados para a vivência fraterna (D.Valentim).

Existe uma verdadeira multidão de abnegados catequistas, que testemunham a gratuidade da fé, dom de Deus, não só pela maneira gratuita como eles mesmos desempenham seu ministério, mas, sobretudo, porque manifestam a força de Deus, que os envolve, e torna-os instrumentos da ação poderosa do Pai que continua atraindo todos para o seu Filho, a presença de Jesus que revela sua verdade, e a atuação do Espírito que vai suscitando a comunhão eclesial, reflexo da comunhão trinitária. É dentro desta dinâmica divina que o catequista se sente envolvido. Por isto ele se torna a mediação humana do encontro que Deus quer ter com cada pessoa. A verdadeira catequese precisa levar ao encontro pessoal com o Deus vivo, por meio de Jesus Cristo e na comunidade eclesial.

Um autêntica catequese ajudará a introduzir os catequizandos nos “lugares” conhecidos do encontro com Deus, como a leitura orante da palavra de Deus, o exercício da oração pessoal e comunitária, a experiência da participação na vida eclesial, a participação na Eucaristia e nos demais sacramentos, a prática da caridade fraterna e a vida moral coerente com o Reino de Deus anunciado por Jesus. Pela atuação dos catequistas, a opção religiosa não será somente consentimento intelectual às formulações doutrinárias, com risco de superficialidade ou de fanatismos, mas se tornará adesão pessoal, permeada de valores humanos e cristãos, que os catequistas transmitem por seu testemunho de vida.

Um texto bonito de liturgia na festa dos apóstolos diz assim: “Vossos amigos, Senhor, anunciam a glória do vosso nome!” Os discípulos são verdadeiros amigos de Jesus Cristo, que os introduz na intimidade com Deus. A catequese é ação dos verdadeiros amigos de Deus. A catequese eficaz leva à amizade com Deus. E leva a doar a vida pelos irmãos incondicionalmente.

Dom Moacyr Grechi

Fonte: CNBB

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Veja que crime querem lançar mundialmente

O Escritório para a América Latina do Population Research Institute (PRI) alertou sobre um projeto de lei que o Congresso dos Estados Unidos debaterá em breve a pedido da administração Obama, com o qual se outorgaria uma partida extraordinária de 715 milhões de dólares a organizações anti-vida e promotoras do aborto em todo mundo.
Ao respeito anima a enviar um total de 100 mil cartas aos legisladores para impedir esta medida.

O projeto titulado “Ata de Saúde Sexual e Reprodutiva em Nível Mundial 2010″, explica o PRI “busca fortalecer e alentar as organizações de planejamento familiar em todo o mundo com o dinheiro dos impostos que, em meio da forte crise econômica atual, tanto esforço custa ao governo norte-americano coletar”.

Se este projeto, considerado “urgente” pela transnacional abortista Planned Parenthood chega a passar, adverte o PRI, aumentarão “o já alucinante número de abortos, esterilizações, DIUs, Aspiradores Manuais para Abortos, anticoncepcionais orais, preservativos e outros.

Cada dia é mais evidente que os últimos 30 anos têm feito precisamente isso e nenhum dos problemas que queriam solucionar diminuiu.

Na realidade, sucedeu justamente o contrário”.

“Tais procedimentos e aparelhos somente conduzem a uma vida de miséria física ou econômica (e muito freqüentemente a ambas) cada uma das mulheres às quais convencem de usá-los com informação enganosa. No processo também suas famílias são condenadas à miséria”, prossegue.

Ante esta ameaça para a vida, o PRI anima a enviar uma carta (em inglês) aos legisladores para poder chegar às 100 mil que esperam reunir que expressem o sentir daqueles que querem defender a vida e a dignidade humana.

Além de pedir que esta carta se difunda entre a maior quantidade de pessoas possível, o PRI assinala que com estas missivas farão “que os políticos norte-americanos saibam que existem muitas necessidades verdadeiramente prementes nas quais usar a ajuda internacional de seu governo.
Queremos que este dinheiro beneficie as mulheres pobres que sofrem por carências de necessidades básicas de saúde e alimentação e não vá financiar os salários de funcionários de organizações que procuram mudar as legislações em outros países sobre o aborto”.

Para enviar a carta que até o momento já conta com mais de 10 mil adesões, ingresse a:

Mais informação: http://www.lapop.org/content/view/339/1/ (em espanhol)

Fonte: ANI LEDODI VEDODI LI

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eleições 2010 – Vida Limpa

Eleições 2010 – Vida Limpa

Artigo do bispo auxiliar do Rio de Janeiro

RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 13 de agosto de 2010 – Apresentamos artigo do bispo auxiliar do Rio de Janeiro Dom Antonio Augusto Dias Duarte, sobre o tema da Vida nas Eleições 2010 no Brasil, texto enviado a ZENIT nesta sexta-feira.

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Eleições 2010 – Vida Limpa

O direito à vida é o primeiro dos direitos naturais, é um dos direitos supra-estatais (como ensinava o eminente jurista Pontes de Miranda – Comentários à Constituição de 1946, 3ª ed., Tomo IV, pg. 242-243: “não existem conforme os cria ou regula a lei; existem a despeito das leis que os pretendem modificar ou conceituar. Não resultam das leis, precedem-nas; não têm o conteúdo que elas lhes dão, recebem-no do direito das gentes”), porque diz respeito à própria natureza humana e daí o seu caráter inviolável, intemporal e universal (cf. Manoel Gonçalves Filho, Comentários à Constituição Brasileira de 1988, Saraiva 1990, vol. I, p. 23).

Direito originário, condicionante dos demais direitos da personalidade – direito fundamental absoluto – o direito à vida é um direito-matriz, explicitamente mencionado no artigo 5º da Constituição Brasileira de 1988 (“à inviolabilidade do direito à vida” é gratuito ‘petreamente’, isto é, qualquer ação contra a vida, toda medida que permite interrompê-la em seu desenvolvimento intra-uterino ou em qualquer fase da existência, seja qual for a justificação, é, inequivocamente, inconstitucional e anticonstitucional e, portanto, um ato de lesa-sociedade).

Convém considerar que desde a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, o caráter laical do Estado Brasileiro marcou profundamente a legislação do país, e nas Constituições de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988, tutelaram, e atualmente continua tutelando, os direitos humanos fundamentais: “à liberdade, à segurança individual e à propriedade” (Constituições de 1891, 1934, 1937), “à inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade” (Constituições de 1946, art. 141 e de 1967, art. 150), “à inviolabilidade do direito à vida” (Constituição de 1988, art. 5º).

Certamente esse Estado brasileiro laical, desvinculado logicamente da religião, mas respeitando todas as crenças existentes no Brasil, não se inspirou em princípios e em sentimentos religiosos ao redigir esses artigos que assegura constitucionalmente os direitos fundamentais dos seus cidadãos e certamente fundamentaram-se somente na dignidade da pessoa humana e não apenas na fé religiosa.

A ordem jurídica repetindo, – não só a religiosa – é quem socialmente exige o respeito e a proteção ao bem supremo da pessoa, que é a vida humana em todas as fases de suas manifestações. Reconhece assim que a vida humana jamais é uma concessão jurídico-estatal e, inclusive, o direito a ela transcende ao direito da pessoa sobre si mesma, mas é um direito natural anterior à constituição do Estado e da própria sociedade.

A pessoa humana não vive só para si, mas também, para a sociedade, e para o bem do Estado, já que ela não só é portadora de humanidade, mas é patrimônio da humanidade.

Nelson Hungria, conhecido e afamado jurista brasileiro, afirmava que quem pratica o aborto não opera ‘in materiam’, mas atua contra um ser humano na ante-sala da vida civil, o que acaba acarretando com esse ato homicida numa civilização da violência e da morte.

O titular da vida humana é unicamente a própria pessoa, que desde a sua concepção tem seus direitos garantidos (conforme o artigo 2º do Código Civil Brasileiro de 2002, o artigo 41 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos e o preâmbulo da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança), e tem personalidade jurídica formal, desde seu momento inicial na fecundação, embora adquira só com o nascimento a sua personalidade jurídica material.

Ainda que não nascida tem capacidade de direito, não de exercício, devendo aos pais ou o curador zelar pelos interesses como são amparados pelo sistema jurídico brasileiro.

Não é válido portanto o argumento de que cabe à mulher o direito absoluto de dispor livremente da sua saúde reprodutiva, pois uma vez que há uma vida semelhante à sua no seu útero e em desenvolvimento, esse caráter absoluto deixa de existir. Uma vez que é mãe a sua saúde reprodutiva continuará sendo um direito associado a deveres constitucionais básicos: assistir socialmente ao filho (cf., art. 203), proporcionar-lhes alimento (cf., art. 5º, LVII), cuidar do filho se tem anomalias físicas ou psíquicas (cf, art. 227, § 1º, II). Inclusive se corre o risco de vida estando grávida ou se o filho resultou de um estupro, deve saber que a vida humana concebida é um bem jurídico maior e qualquer ação contra ela é um crime horrendo, ainda que não se aplique uma pena contra ele (caput do artigo 128, do Código Penal Brasileiro). A exclusão da culpabilidade não significa a exclusão da juridicidade, já que o aborto sempre é um crime contra a pessoa humana (conforme o Título I – “Dos crimes contra a Pessoa”, parte especial do Código Penal Brasileiro).

O crime do aborto existe sempre e mesmo que haja discussão acadêmicas, política-partidárias, legislativas e, até mesmo, haja um plebiscito com resultado a favor do aborto legal, não se irá tornar ético um ato profundamente anti-ético, anti-social e, sobretudo, anti-natural e sangrento.

Nesse período de campanha eleitoral quando se procura uma renovação dos quadros executivos e legislativos do país e dos estados brasileiros o tema do aborto e demais temas correlatos – eutanásia, anticoncepção abortiva, distanásia, segurança pública, atendimento hospitalar público – podem ficar escondidos, sob o manto midiático de manchetes chamativas a respeito das pesquisas de opinião pública ou do crescimento econômico-social promovido por governantes e partidos a eles ligados.

O povo brasileiro não pode continuar sendo ingênuo e continuar na atitude de omissão política. O exemplo que ele deu na campanha ficha limpa é demonstrativo do seu poder transformador da sociedade.

É necessário que os brasileiros tirem a venda dos olhos e enxerguem com nitidez nos olhos dos seus candidatos e vejam neles a intenção, sem eufemismos de palavras, de defender realmente a vida humana desde a sua concepção até o seu final natural, que eles e elas mostrem nos seus programas de governo e nos seus projetos legislativos a vontade política de promover a natureza e a finalidade social da família brasileira fundada sobre o casamento entre o homem e a mulher, e que respeitem de verdade a inteligência dos cidadãos, não enganando-os mais com palavras e slogans políticos vazios.

Votar conscientemente é um direito e não só um dever político! Enganar conscientemente e “marqueteiramente” os eleitores é um crime contra a nação! Governar e legislar a favor da Vida Limpa, sem manchas ou poças sanguinolentas, é a esperança dos milhões de eleitores que são a favor da vida do brasileiro!

Dom Antonio Augusto Dias Duarte

Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro

21º Domingo do Tempo Comum


21º Domingo do Tempo Comum - C

“Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e escutai-me; salvai, meu Deus, o servo que confia em vós. Tende compaixão de mim, clamo por vós o dia inteiro”(cf. Sl. 85,1ss).


Meus queridos Irmãos,

A liturgia de hoje nos abre os olhos para vermos a universalidade da salvação. Todos nós somos vocacionados para sermos filhos e filhas de Deus. Assim a missão da Igreja e dos batizados é apresentar o convite para o ingresso no Reino de Deus através da conversão, da mudança de vida e da vivência da santidade.

Assim a todos Jesus deu o poder de tornar-se filhos e filhas de Deus. Jerusalém é colocada no Evangelho como o ponto culminante e a meta decisiva, seja pela Cruz de morte e triunfo, seja pela ascensão gloriosa de Jesus aos céus.


Os acontecimentos de Jerusalém nos apressam uma reflexão sobre a realidade última de todos os homens: a irmã morte nas palavras de São Francisco de Assis. A morte que sempre nos transporta para a cidade de Jerusalém com seus dois significados: o final duro, mas feliz, da caminhada salvadora de Jesus e o final positivamente duro e provavelmente feliz de cada homem e de cada mulher.


Tudo é misturado: a morte e a ressurreição de Jesus com a morte e a vida eterna das criaturas humanas.


Caros amigos,


A Primeira Leitura deste domingo(cf. Is 66,18-21) nos apresenta a Revelação universal da glória de Deus. Uma “utopia”, por isso olhar para o futuro nós convidados, como faz o profeta pós-exílico ao encontro da realidade que vem de Deus, seu poder e grandes feitos realizados na História. O profeta concebe Israel como o lugar desta manifestação. De fato, a própria pessoa de Cristo será esse lugar.

Na Segunda Leitura(cf. Hb 12,5-7.11-13) nos é apresentado o sofrimento, pedagogia de Deus. Nossa condição atual é frágil. O Filho de Deus entrou nesta fragilidade, para nos ajudar. Conheceu tentação, sofrimento e morte: aprendeu a obediência. Assim também os fiéis devem passar pela escola de Deus. Chegarão então à justiça, à retidão, à salvação. Deus nos educa para a vida.


Irmãos amados,

São Lucas(cf. Lc 13,22-30) nos ensinou hoje que Jesus anunciava o Reino de Deus pelas suas pregações para todos. Jesus não fez acepção do público destinatário de sua Palavra de Salvação. Pelo contrário Jesus ensinou em todos os povoados, lugarejos, vilas, para pessoas de todas as classes, especialmente para aqueles que estavam à margem da sociedade excludente e repleta de castas de então.

Jesus não determinou o número dos que seriam salvos. Para ser salvo é necessário aceitar o Evangelho, procurar uma boa mudança de vida pela conversão e o perdão dos pecados e a vivência da santidade cristã.


Assim, a salvação foi colocada como UNIVERSAL. A questão da salvação deve ser vista pelo empenho, pelo esforço de conversão e pelo testemunho. Todos são chamados, indistintamente. Não há restrições para ninguém. Muito menos há privilégios ou castas dos que serão salvos. Todos nós nos tornamos filhos de Deus e somos inscritos no livro da vida pelo batismo quando é apagado nosso pecado original e nos é restabelecida a graça de Deus, a graça que nos santifica e nos dá ânimo para a vivência da vida cristã no quotidiano.


A porta de entrada no Reino de Deus é estreita. Mas, com graça e humildade, poderemos passar pela porta para entrar na vida eterna.


A porta significa a passagem. Passar para o Reino de Deus, para dele participar em plenitude, exige esforço, luta, penitencia, conversão, mudança de vida, e cruz.


Não basta ouvir sermões sobre a vida de Jesus ou ir à mesa da Santa Eucaristia. É preciso mais do que isso. É necessário lutar e combater o bom combate vivendo as obras de justiça, colocando em prática os ensinamentos de Jesus, entendendo, assim os mistérios da Paixão do Senhor e sofrer com ele os fatos acontecidos em Jerusalém.


A oração pela oração não basta para entrar na porta estreita. Ajuda. Mas não é tudo. Depende muito mais da conversão. Jesus nos dá a mão para o grande esforço do combate espiritual conversão. A resposta se dá de maneira individual com um raio de compromisso comunitário na Paróquia, na Diocese e na Igreja Católica espalhada pelo orbe.


Meus queridos Irmãos,


Todos os homens e mulheres que estão fatigados são convidados a virem a Jesus para ser pelo Senhor aliviados. O vindo implica em dar um sim ao chamamento. Esse caminhar, feito de esforço, de luta, de encantamento, de perseverança, de fidelidade, está incluído no esforço para adentrar a porta estreita.


Salvação que é pura graça do Senhor. Pedi e receberei. Procurai e será achado. Assim deve ser a salvação. No caminho de salvação os tropeços, os espinhos, as incompreensões, as perseguições aparecerem e elas amadurecem a nossa fé. Não há glória sem Calvário. Peguemos a nossa Cruz e com ela procuremos a doce salvação.


A primeira leitura lembra que Deus não apenas quis salvar o povo de Israel do exílio babilônico, como também o encarregou de abrir o Templo e a Aliança a todas as Nações. Quando Deus concede um privilégio, como foi a salvação de Israel do cativeiro babilônico, este privilégio se torna responsabilidade para com os outros. Deus rejeita a auto-suficiência. Todos nós caminhamos num processo de busca, de humildade e de partilha.


A segunda leitura, por seu turno, nos lembra que Deus
“castiga” para nos educar. Pois o Senhor educa a quem ele ama e castiga tudo aquele que acolhe como filho, nos ensina Hb 12,6. O sofrimento pode ter o valor de educação para uma vida que agrade a Deus, já que este, em Cristo encarou o sofrimento. Não é errada tal valorização do sofrimento, já que não se consegue escapar dele, nem mesmo no admirável mundo novo da era escatológica.

Queridos Irmãos,


Celebramos hoje a vocação de nossos queridos irmãos leigos e leigas, particularmente os inúmeros catequistas. O LEIGO tem hoje um papel muito importante dentro da Igreja. Tão importante que o legislador canônico de 1983, invertendo a antiga disciplina jurídica da Igreja, colocou o povo de Deus em maior destaque do que a hierarquia eclesiástica. A celebração eucarística deve, pois, levar a Comunidade a dar graças ao Senhor da Vida pela vocação cristã recebida e a renovar o compromisso de corresponder ao dom misericordioso de Deus, não se fechando sobre si mesma, mas abrindo o coração para acolher, sem distinção, a todos. Assim se dará graças por todos os homens e mulheres que participam dos bens do Reino, além da comunidade de fiéis, em todos os homens e mulheres de Boa Vontade que procuram entrar pela porta estreita da renúncia de si mesmos e da prática da caridade e do sumo bem.

Por: Padre Wagner Augusto Portugal

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Solenidade da Assunção De Nossa Senhora


Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

“Grande sinal apareceu no céu: uma mulher que tem o sol por manto, a lua sob os pés, e uma coroa de doze estrelas na cabeça”(cf. Ap 12,1).


Meus queridos Irmãos,

Admirável alegria a festa que neste domingo, exatamente o domingo dia 15 de agosto, estamos celebrando: A ASSUNÇÃO DA BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA, NOSSA MÃE E SENHORA.


Nesta festa se recorda a presença admirável de Maria na vida dos fiéis católicos, que em Nossa Senhora vêem, ao mesmo tempo, a glória da Santa Igreja e a prefiguração de sua própria glorificação. A festa tem uma íntima dimensão de solidariedade dos fiéis com aquela que é a primeira e a Mãe dos fiéis cristãos. Daí a facilidade com que se aplica a Maria o texto de Apocalipse 12, conforme nos exorta a Primeira Leitura, originariamente uma descrição do povo de Deus, que deu à luz o Salvador e depois refugiou-se no deserto (a Igreja perseguida do primeiro século) até a vitória final do Cristo. Assim o Livro do Apocalipse(cf. Ap 11,19a;12,1-6a.10ab) nos apresenta o sinal da Mulher – Aparece no céu a Mulher que gera o Messias; as doze estrelas indicam quem ela é: o povo das doze tribos, Israel, mas não só o Israel antigo, do qual nasce Jesus; é também o novo Israel, a Igreja, que deve esconder-se da perseguição, no primeiro século depois de Cristo, até que, no fim glorioso, o Cristo se possa revelar em plenitude. Maria assunta ao Céu sintetiza em si, por assim dizer, todas as qualidades deste povo prenhe de Deus, aguardando a revelação de sua glória.


Meus caros irmãos,


Na segunda leitura(cf. 1Cor 15,20-26), o sinal da vitória definitiva de Nosso Senhor Jesus cristo é a ressurreição, a vitória sobre a morte. Ela se realizou na sua própria morte e se realizará na nossa. Maria já está associada a Jesus nesta vitória definitiva. Nela, a humanidade redimida reconhece sua meta. A Assunção da Virgem Maria ao céu é considerada como antecipação da ressurreição dos fiéis, que serão ressuscitados em Cristo. Observe-se, portanto, que a glória de Maria não a separa de nós, mas a une mais intimamente a nós.


Estimados Irmãos,


O momento da Anunciação de Nossa Senhora, que significa para nós católicos que a Virgem Maria é conduzida por Deus, de corpo e alma, para junto de seu Filho amantíssimo, na glória celeste, é cantado e celebrado com grandes galas pelo povo cristão, sendo para nós um santo mistério, o mistério da Encarnação de Deus.
Esta festa considerada festa da nova criação. Isto, porque com a vinda do Filho de Deus em carne humana, Jesus se tornou a primeira de todas as criaturas, a cabeça de todos os seres vivos e nele todas as criaturas foram regeneradas. A primeira criação ficou marcada pela desobediência. A segunda criação, por conseguinte, ficou marcada por um forte sim obediencial.
A morte nos veio por Eva, e a vida nos veio por Maria. Sim, a Anunciação celebra o início da nova criação, da nova vida, vida que ultrapassa o tempo da velha criação e jorra para dentro da eternidade de Deus.

Irmãos e Irmãs,


Nota-se, claramente, no Evangelho que hoje lemos(cf. Lc 1,39-56) a presença das três pessoas da Santíssima Trindade, um mistério que o Antigo Testamento não chegou a descobrir, mas que foi revelado nitidamente por Nosso Senhor Jesus Cristo.
A pessoa de Deus, em primeiro lugar, que a partir desse momento, chamar-se-á Pai também de seu Filho feito homem. Um Deus que, misericordioso em seu amor, abre-se para nós, criaturas suas. Um Deus que sempre quis bem as suas criaturas, fruto de um ato de amor gratuito seu. Um Deus que enviou profetas para manter em fidelidade e obediência as criaturas rebeldes. Um Deus que resolve enviar o seu próprio Filho parque, na sua pessoa humana e divina, a humanidade fosse doravante absolutamente fiel e obediente. Em seguida vem o Espírito Santo. Força que dá vida e vivifica a comunidade fiel. O Espírito que fecunda a Virgem, tornando-a Mãe do Filho de Deus. E o mesmo Espírito que vai acompanhar o Filho ao longo de sua vida, quando o próprio Senhor exclamou: “O Espírito Santo está sobre mim”(cf. Lc 4,18). Com Jesus, Filho do Altíssimo, herdeiro de todos os Reinos, para quem foram criadas todas as coisas do céu e da terra, tornando realidade acessível as mais ricas e preciosas obras.

Meus queridos Irmãos,


O Anjo que aparece no Evangelho de hoje é o mensageiro do Pai do céu. Gabriel significa
“força de Deus”. Gabriel aparece a Zacarias para anunciar a concepção de João Batista e é ele mesmo que diz chamar-se Gabriel. Sua missão, maior, contudo, foi trazer a Nossa Senhora a notícia de que Deus a escolhera para ser a mãe de seu Filho. O justo José, outro personagem do Evangelho, teve um papel fundamental no nascimento de Jesus e na sua infância. Seu exemplo de dignidade, de justiça e de senso de trabalho fizeram dele o responsável pela paternidade jurídica que, no Oriente é muito importante. Maria, estrela da nova evangelização, significa “Estrela do Mar” na palavra de São Jerônimo. Deus pediu a Maria o seu consentimento para que concebesse o Seu Filho Jesus. Maria, assim, com seu FIAT, com o seu SIM, se tornou a mãe do doador da Vida, aquele que é a Vida, e não apenas uma vida temporal, mas a vida eterna, as alegrias sem fim. E Maria deu o seu decidido sim, tornando-se não só um instrumento passivo de Deus, mas também cooperadora do mistério da salvação. Maria, a servidora, que sob seu Filho e com seu Filho, de toda a nova humanidade, chamada à comunhão eterna com Deus.

Meus caros amigos,


O Evangelho de hoje é o Magnificat de Maria, resumo da obra de Deus com ela e em torno dela. Humilde serva – nem sequer tinha o status de mulher casada – ela foi exaltada por Deus, para ser Mãe do Salvador e para participar de sua glória, pois o amor verdadeiro une para sempre. Sua grandeza não vem do valor que a sociedade lhe confere, mas da maravilha que Deus opera nela. Um diálogo de amor entre Deus e a moça de Nazaré: ao convite de Deus, responde o sim de Maria, e à doação de Maria na maternidade e no seguimento de Jesus., responde o grande sim de Deus, a glorificação de sua serva. Em Maria, Deus tem espaço para operar maravilhas. Em compensação, os que estão cheios de si mesmo não deixam Deus agir e, por isso, são despedidos de mãos vazias, pelo menos no que diz respeito às coisas de Deus. O Filho de Maria coloca na sombra os poderosos deste mundo, pois enquanto estes oprimem, ela salva de verdade.


Irmãos e Irmãs,


Maria, glorificada no corpo, mostra-se hoje como estrela de esperança para a Igreja e para a humanidade, particularmente neste tempo favorável de missões diocesanas em nossa Igreja Particular. A sua altura sublime não a afasta do seu Povo nem dos problemas do mundo, pelo contrário, permite-lhe vigiar de maneira eficaz sobre as vicissitudes humanas com a mesma solicitude atenciosa com que obteve de Jesus o primeiro milagre, durante as Bodas de Caná.


Celebramos, assim, hoje, o Dia da Vocação à Vida Consagrada. Homens e mulheres que a exemplo de Maria deram o seu SIM a JESUS e se consagram na obediência, na pobreza e na castidade para se aproximar mais no autêntico seguimento do Salvador. Rezemos, pois, pelos nossos consagrados. Assim, que os consagrados, seguindo o exemplo de Maria possam dar ao mundo testemunho de coerência e santidade de vida em tudo amando e servindo. Em Maria, pois, celebremos a nossa vocação para a ressurreição e a vida feliz pela participação na glória de Deus. Em Maria assunta ao Céu contemplamos a aurora e o esplendor da Igreja triunfante. Amém!

Por: Padre Wagner Augusto Portugal

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

SEMANA DA FAMÍLIA E DIA DOS PAIS




É tradição no Brasil comemorar no segundo domingo do mês de agosto o Dia dos Pais. É sempre uma oportunidade de se reunir em família e refletir sobre esse costume. Embora existam registros de “cumprimentos” ao pai desde a antiga Babilônia, modernamente esse evento difundiu-se no início do século XX, vindo dos Estados Unidos. Com a difusão do costume, aos poucos cada nação escolheu um dia para essa homenagem. No Brasil, a proximidade da festa de São Joaquim, celebrada no dia 14 de agosto no antigo calendário pré-conciliar, fez com que se marcasse essa comemoração para o segundo domingo desse mês.


Embora atualmente os apelos comerciais sejam o que mais marcam esse evento, para nós é uma oportunidade de refletir sobre a paternidade e a família. Com esta celebração sugestiva da importância do papel do pai na Igreja e na sociedade, a Igreja no Brasil estabeleceu a Semana Nacional da Família. E a Igreja quer, durante estes dias, refletir e insistir sobre este tema de importância capital. A Igreja tem um carinho e uma atenção especial sobre as relações familiares, e neste ano quer refletir a partir do tema central: “Família, Formadora de valores humanos e Cristãos”, que está em sintonia com o Encontro Mundial das Famílias realizado no México em 2009. Para esse evento, a Comissão Episcopal para a Vida e Família, onde está sediada a Comissão Nacional da Pastoral Familiar, da CNBB, publicou uma edição especial da “Hora da Família”, com roteiros a serem utilizados nas celebrações das paróquias, capelas, comunidades, e nas famílias, grupos e escolas.


Com a Semana Nacional, a Igreja quer, uma vez mais, salientar a importância da família, pois sabe que é fundamental um olhar atento dirigido à família, patrimônio da humanidade, que deve ser considerada “um dos eixos transversais de toda a ação evangelizadora” (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2008-2010, n. 128). Na verdade, tudo passa pela família e para o ser humano tudo começa na família. É a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade e, devidamente estruturada, participa decisivamente no desenvolvimento da sociedade.


A família, dentro do plano de Deus, é o lugar privilegiado para semear no coração do homem e da mulher os valores perenes, sejam eles espirituais ou civis. A vida e a história demonstram que é na família cristã, de pai e mãe com os seus filhos, que também se inicia a educação para o valor da vida, de cada vida humana, onde se aprende o valor da liberdade consciente, para o sentido da dor e da morte, e onde forma-se a consciência e as orientações para os verdadeiros valores da vida humana.


A família é chamada a construir o Reino de Deus e a participar ativamente na vida e na missão da Igreja. Os seus membros, formados pela Palavra de Deus, e com a ajuda da Sua Graça, são chamados a irradiar o espírito do Evangelho, tornando-se assim uma pequena porção viva da Igreja. Ela é testemunho e fermento cristão no seio da sociedade na medida em que os cônjuges vivam bem as exigências da sua vocação matrimonial.


O clima de amor, de concórdia entre os seus membros, entre pais e filhos, entre netos e avós, tende-se a irradiar nas relações da família com outras ao seu redor, e consequentemente se espalha no tecido social.


Mesmo no ambiente hostil em que hoje vive a família, e num clima de mudanças rápidas e constantes, os pais não podem abrir mão de uma boa educação para seus filhos, com confiança e com coragem, na perspectiva dos valores fundamentais da vida humana. É no seio da família que a criança de hoje e a pessoa responsável pela sociedade amanhã vai acolhendo as orientações fundamentais da vida. Muitas vezes os governos quiseram, e muitos ainda querem, substituir a missão dos pais nessa missão educativa fundamental com interesses de dominação das consciências com sérias implicações para o futuro da humanidade. Hoje, as propagandas, a mídia e as redes sociais também exercem uma poderosa influência na mente e comportamento das crianças e adolescentes, muitas vezes substituindo a família que deveria ser a grande formadora dos valores humanos e cristãos junto aos seus filhos.


Seria muito louvável que os membros da família pudessem dedicar uma parte de seus dias em convívio, para demonstrarem afeto e carinho uns pelos outros, pois o trabalho incessante e a correria do dia a dia muitas vezes minam as relações familiares. A atual conjuntura econômica leva os pais a viverem trabalhando fora para o sustento familiar, e assim retira-os desse convívio, deixando para outros a presença formadora no lar.


Neste tempo, um fator que preocupa inúmeras famílias é a questão da dependência química, seja pelo álcool, seja pela droga. A história atual de violência e desagregação pessoal e desunião demonstra que as nossas células sociais estão doentes. É essencial, neste caso, a busca do transcendente no seio da família, a vida com a abertura para a espiritualidade. A fé ajuda a descobrir, por si mesmo, a razão de uma existência e os porquês da vida.


Na atual mudança de época, as famílias perderam o hábito da oração. No entanto, a oração familiar é possível e necessária, especialmente hoje. O primeiro passo é que o casal reze, seja na participação na liturgia e na vida diária, passando pelo exemplo e pela palavra essa experiência aos filhos. As crianças aprendem a rezar quando veem o exemplo e começam a rezar com seus pais. Na família deve-se cultivar a presença de Deus no lar, aprendendo desde cedo a cultura e a linguagem religiosa e pouco a pouco conduzir os filhos à fé madura. A oração e os exemplos vistos e vividos pela criança como algo bom irão fazer parte da sua vida.


Outro aspecto fundamental das relações entre pais e filhos é a confiança. Confiança e honestidade são essenciais para a constituição de um ser construtivo, e ajudam no desenvolvimento da personalidade das crianças e dos jovens. Basicamente, deve-se sempre tomar cuidado com o diálogo, que estimula uma sadia diferença de opinião, quando se aprende a ouvir, a perguntar, sem imposições, mas com formação.


Quero saudar todos os pais de nossa Arquidiocese e convidá-los a redescobrir a beleza de sua família pelo empenho comunitário e evangelizador em nossas comunidades, e também a participarem com empenho nessa Semana Nacional da Família.


Lembremo-nos da Sagrada Família de Nazaré, que nos ensina a simplicidade da vida dentro dos Planos de Deus e demonstra as maravilhas que ocorrem quando somos fiéis ao Senhor.



Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ



Pai precisamos de ti.

Pai precisamos de ti.

A presença do pai em casa é indispensável. Não basta fazer exigências aos nossos pais, precisamos ajudá-los na sua missão. Aos pais, nossa gratidão, admiração, compreensão, perdão e oração. Ser pai não é apenas ter capacidade de reprodução, mas capacidade de amizade, de comunicação, de relacionamento humano. O pai é um herói, um ponto de referência, um esteio, um indicador de rotas e rumos.


Os pais representam, em casa e na sociedade, o rosto de Deus-Pai. Assim, os pais são co-criadores de Deus, têm iniciativas, responsabilidades e, principalmente, conferem identidade e segurança aos filhos e à família. Não é fácil ser pai, mas é empolgante. Sem o pai, somo inseguros, indefinidos, tímidos, indecisos, confusos. Pai, nós precisamos de ti.


O que mais os filhos esperam do pai é que ele ame, respeite e cuide da mãe. Quando o marido ama a esposa, os filhos se sentem bem. Daí a necessidade da presença, do colo e dos joelhos do pai. Pai carinhoso, filho maravilhoso. Pai religioso, filho realizado. Pai presente, filho obediente e feliz. Pai ausente, filho carente. Pai fraco, filho efeminado. Pai profissional, filho consumista.


Os pais deixaram de ser autoritários e passaram a ser permissivos. O certo é ser pai participativo, pai amigo, pai carinhoso e seguro. O pai precisa ensinar valores e limites, para que os filhos não sejam prepotentes e depois delinqüentes. Nossos filhos precisam também de afeto, de religião e de disciplina. O amor é exigente. O pai não pode ser escravo do trabalho, do dinheiro, da empresa. Terá sucesso econômico e fracasso familiar. Assim, não vale a pena tanto esforço, tanto desgaste e sofrimento.


É bonito e saudável os pais e filhos participarem da missa dominical ou do culto de sua religião. Religião não é só para as mães, as avós e as crianças. Como é saudável o pai rezar pelos filhos desde a concepção e depois rezar com eles em família.


Dizem os psicólogos que excesso de liberdade, excesso de dinheiro, excesso de tudo prejudica e estraga os filhos. Nada de super proteção. O pai não vai perder o amor dos filhos ao transmitir-lhe firmeza, orientação e disciplina. Dar às crianças tudo o que pedem não é um ato de amor. Nossos filhos precisam ouvir várias vezes “não”, duma vez que este “não” seja portador do bem, da verdade, do amor. Ouvir este “não”, não frustra as crianças.


O pai ensina muito pelo exemplo e convence pela alegria de ser pai. A criança aprende imitando. Os pais são seus deuses até certa idade. A família é a primeira escola. Os filhos esperam que os pais coloquem em prática o que dizem, sejam coerentes, não mintam. Ainda mais, desejam que os pais não briguem na frente deles e que saibam fazer as pazes, perdoar e compreender e saibam também dar afeto para todos em casa, sem excluir ninguém. Um pai forte e amigo, ao lado de uma mãe equilibrada, formará uma família sadia.


Os pais também precisam de carinho, apreço e reconhecimento dos filhos. O jeito, o comportamento, as atitudes dos filhos afetam os pais. Hoje, os filhos ajudam os pais e estes aprendem com os filhos. Um pai fascinante terá filhos seguros, saudáveis que desejam ser parecidos com o pai e querem ser dignos desse pai. Tais filhos podem dizer: eu e o pai somos um.



Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina
Artigo publicado na Folha de Londrina, 11 de agosto de 2007

19º Domingo do Tempo Comum

19º Domingo do Tempo Comum - C

“Considerai, Senhor, vossa aliança, e não abandoneis para sempre o vosso povo. Levantai-vos, Senhor, defendei vossa causa e não desprezeis o clamor de quem vos busca”(Cf. Sl 73,20.19.22.23)



Meus queridos Irmãos,

Este domingo é repleto de significado para a vida da Igreja de Cristo: celebramos o dia dos pais. Os nossos venerandos pais, vivos e abrilhantando a nossa vida de encantamento e de felicidade espiritual com a sua presença que é um presente da misericórdia de Deus para todos nós, e os pais já chamados para a presença santíssima do Pai do Céu gozando das misericórdias eternais. Junto com esta delicada recordação de nossos pais iniciamos, na Igreja que peregrina no Brasil, a Semana Nacional da Família, que em consonância com o projeto pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem como tema: “Família, formadora de valores humanos e cristãos”. Que doce felicidade contemplarmos a Santíssima Trindade no seio aconchegante de nossas famílias aonde todos nós somos convidados a ver Jesus Caminho, Verdade e Vida.

Meus caros irmãos,

A Primeira Leitura(cf. Sb 18,6-9) nos apresenta a vigilância de Israel na noite da libertação. O trecho do livro da Sabedoria, no capítulo 10,19 descreve a atuação da divina Sabedoria na história de Israel. Na noite do Exodo, ela castigou o Egito pela morte dos primogênitos; foi o juízo de Deus, para salvar Israel. Os pais prepararam-se para essa noite; era a noite da vigilância, em que eles no escondido celebravam Javé. Tal vigilância e fidelidade é tarefa para todas as gerações, até a libertação final.

A Segunda Leitura(cf. Hb 11,1-2.8-19) ensina que a fé é a esperança daquilo que não se vê. Os capítulos 11-12 da Carta aos Hebreus é dedicado ao tema da fé. Esta fé olha para o futuro, como a de Abraaão, como a dos israelitas no tempo do Exodo, como a do discípulo que espera a vinda do Senhor: é esperança. Não deixa o homem instalar-se no presente. Esse mundo não é o termo de seu caminho. Deus preparou uma pátria melhor. O cristão é um estrangeiro neste mundo. Leva este mundo a sério, exatamente no fato de ficar livre diante dele.

Irmãos e Irmãs,

São Lucas nos faz contemplar no Evangelho que hoje refletimos sobre a nossa vida em sua dimensão verdadeira. O ambiente lucano era permeado pelo mercantilismo do Império Romano. Assim, Lucas contempla constantemente o mal causado pelas falsas ilusões de riqueza e bem-estar, além do escândalo da fome e da miséria(cf Lc 16,19-31).

O ambiente histórico é o mesmo de ontem e de hoje, sem muita diferença, por isso o Evangelho é atualíssimo em todos os tempos e em todas as realidades históricas e sociais.

O Evangelho nos ensina a Vigilância, viver para aquilo que realmente é DEFINITIVO. Temos que ficar vigilantes diante das ilusões vãs. A vigilância é uma atitude bíblica, desde a noite da libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, quando o anjo exterminador visitou as casas dos egípcios, enquanto os israelitas, de pé, cajado na mão, celebravam Javé pela refeição pascal, prontos para seguir seu único Senhor, que os conduziria através do Mar Vermelho até o deserto, conforme nos ensina a Primeira Leitura.
A vigilância é, assim também, a atitude do cristão, que espera a volta do seu Senhor, que encontrando seus servos a vigiar, os fará sentar à mesa e os servirá. Pois já fez uma vez assim. Jesus é o Senhor Servo.

Meus caros amigos,

Jesus continua a propor as qualidades que o discípulo deve ter para morrer e ressuscitar com Ele em Jerusalém. Jesus faz uma consoladora promessa: “Não tenhais medo: o Pai dar-vos-á o Reino!”(cf. Lc 12,32). Mas para ganhar o Reino de Deus é necessário deixar tudo para trás e abraçar o Reino como o único tesouro da vida(cf. Lc 12,34).

Para entrar no Reino de Deus é necessário esvaziar o coração dos bens materiais, de tudo o que desperta ganância, avareza e ansiedades. Quando a Sagrada Escritura fala em “coração puro”, entende, em primeiro plano, um coração livre, desapegado de interesses, de tudo o que amarra e totalmente aberto e voltado para Deus.

O ser humano tem a triste tendência em correr ao encontro dos bens materiais. Assim o Evangelho nos ensina que devemos caminhar acordados, conscientes, com atenção, na firme certeza de que não estamos trabalhando em vão: o Senhor virá ao nosso encontro, Ele está no meio de nós!

A vigilância é um tema muito caro na Sagrada Escritura. Vigiar significa, em seu sentido próprio, renunciar ao sono da noite. Pode ser para prolongar o trabalho ou para evitar ser apanhado de surpresa por um inimigo. Os pastores conheciam bem este último significado, porque ficavam acordados para espantar os lobos que quisessem aproximar-se do rebanho. A partir deste primeiro sentido, nasceu o segundo: ficar atento, lutar contra a tentação da negligência e do desânimo, e, por conseguinte, ter paciência e ser fiel.

Jesus ensinou que o ladrão chega escondido e imprevistamente, o patrão que pode voltar para casa a qualquer hora, o pai de família desvelado, o servo fiel, as moças prudentes.

Irmãos e Irmãs,

Jesus dá três exemplos no Evangelho de hoje: a do porteiro, a do ladrão e a do administrador. O patrão que volta da festa do casamento lembra a parábola das moças vigilantes, a do porteiro é parecida com a parábola contada por Marcos 13,33-27. A parábola do administrador é contada também por Mt 24,42-51. A figura do Senhor que chega como um ladrão encontramo-la também em 1Ts 5,2; 2Pd 3,10 e Ap 3,3.

Para nós fica claro que o discípulo não pode se comportar como patrão e dono das coisas e das situações. O discípulo é um administrador dos bens que Deus, o verdadeiro patrão, lhe confiou. Bens materiais, sim, mas, sobretudo, os bens espirituais trazidos pelo Cristo e, acima de tudo, o bem dos bens: o próprio Cristo Senhor. A referência à distribuição da “porção do trigo” lembra José do Egito, homem prudente, grande e fiel administrador, que salvara o povo da fome e da morte. Mas, por outro lado, também, há uma referência as palavras de Jesus: “Eu sou o pão da vida descido do céu: quem dele comer não morrerá”(cf Jo 6,48-49). Desse Cristo vivo o discípulo será o administrador responsável. Ninguém tem o Cristo para si. O Cristo deve ser distribuído como se distribuiu o pão aos pobres e desvalidos.

Irmãos e Irmãs,

A segunda leitura nos fala da fé. A fé é como que possuir antecipadamente aquilo que se espera; é uma intuição daquilo que não se vê. Com esta definição é claramente enunciado o teor escatológico da fé. O sentido original da fé não é a adesão da razão a verdades inacessíveis, mas o engajamento da existência naquilo que não é visível e palpável, porém tão real que possa absorver o mais profundo do meu ser. Hebreus cita toda uma lista de exemplos desta fé, pessoas que se empenharam por aquilo que não se enxergava. A fé, baseada na realidade definitiva que se revelou na ressurreição de Cristo, nos dá a firmeza necessária para abandonar tudo em prol da realização última – a razão de nosso existir.

Caríssimos Pais,

A Igreja no Brasil celebra hoje o seu dia. Anônimos ou famosos, pobres ou ricos, empregados ou desempregados, livres ou aprisionados vós sois a grandeza da família cristã. Sigam em tudo o exemplo de São José, o homem mais justo que é exemplo do Pai de Família perfeito, amando a Virgem com o amor que todos os esposos devem dedicar as suas esposas e educando Jesus como os pais devem educar os seus filhos, em tudo imprimindo o AMOR, o SERVIÇO, a CARIDADE e a JUSTIÇA.

Assim, senhores pais e queridos irmãos, o verdadeiro tesouro que não lhes será tirado, é o Reino dos céus. A maneira de acumular um tesouro, que permanece, é assumir a atitude de vigilância, para perceber quando e como o Senhor está chegando, para colocar-se sempre a seu serviço. Então o Senhor os servirá. Já terão a recompensa neste mundo: o Senhor os constituirá sobre todos os seus bens; é a participação nos bens do Reino. Tudo isso é celebrado na Eucaristia. Amém!

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