A semana santa tem
diferentes nomes. Alguns povos a denominam “semana silenciosa”, querendo
destacar que estes dias são diferentes dos demais. A quaresma também é
denominada Época da Paixão. Mas, a intenção ao falar de uma semana santa é a
mesma. Acompanhamos nestes dias os últimos passos de Jesus em Jerusalém, desde
a sua entrada triunfal, no domingo de ramos, até sua morte, na sexta-feira, e a
ressurreição, no domingo de Páscoa.
Um hino do século 17
descreve não só a intenção da semana santa, mas de toda a quaresma: “Cristo
quero meditar no teu sofrimento, queiras tu iluminar o meu pensamento”. A
semana santa deve ser vista dentro do “ciclo de Páscoa” do ano litúrgico da
igreja. Inicia na quarta-feira de cinzas (40 dias antes da Páscoa,
excetuando-se os domingos) e termina 40 dias depois da Páscoa, na quinta-feira
em que se comemora a Ascensão de Jesus Cristo.
A semana santa, bem
como a quaresma, tem data variável: cada ano é diferente. O domingo de Páscoa
cai no primeiro domingo depois da lua cheia após 20 de março, que é a data
nominal do equinócio da primavera no hemisfério Norte. A partir da data de
Páscoa fixam-se as demais datas dos dias anteriores e posteriores. Também o carnaval
respeita esta antiga tradição: 40 dias antes da Páscoa inicia a Quaresma e, no
dia imediatamente anterior ao início deste tempo, festeja-se o carnaval.
Quaresma – Os 40 dias foram estabelecidos no século VIII porque o
número 40 tem significado especial na Bíblia: lembramos os 40 dias de Moisés,
do profeta Elias e de Jesus Cristo no deserto.
Quarta-feira de Cinzas – Neste dia começa a quaresma,
sempre numa quarta-feira. Seu nome origina-se do costume de fazer o sinal da
cruz na testa com cinzas, como sinal e símbolo de penitência, jejum e oração.
Ascensão – Quarenta
dias depois do domingo da ressurreição termina o período de Páscoa, pois o
livro de Atos relata que após a ressurreição Jesus apareceu “durante quarenta
dias” aos discípulos e então subiu ao céu (Atos 1.1-11).
A semana santa no calendário litúrgico
Domingo de
Ramos – Neste domingo
anterior à Páscoa, com o qual começa a semana santa, lembra-se a entrada
triunfal de Jesus em Jerusalém (Mateus 21.1-11).
Segunda-feira – Comemora-se a purificação do
templo por Jesus (Mateus 21.12-13).
Terça-feira – Descrição de Jesus aos discípulos
sobre a destruição de Jerusalém (Mateus 23.37-24.2).
Quarta-feira – Lembra a decisão de Judas de trair
Jesus e entregá-lo por 30 moedas de prata aos sacerdotes (Mateus 26.14-16).
Quinta-feira
Santa – Celebra a
instituição da Santa Ceia e lembra a agonia de Jesus no jardim do Getsêmani.
Igualmente, é lembrado como Jesus lavou os pés de seus discípulos (Mateus
26.26-30 e 36-46) (João 13.1-11).
Sexta-feira
Santa – Lembra a crucificação
e a morte de Jesus (Mateus 27.33-56).
Sábado de
Aleluia – Reflete-se
sobre o sepultamento de Jesus (Mateus 27.57-66).
Domingo de
Páscoa – Celebração da
ressurreição de Jesus (Mateus 28.1-10).
Significado teológico
“Nós pregamos a Cristo
crucificado”, escreve o apóstolo Paulo na primeira epístola aos Coríntios
(1.23). Não são os sinais e nem a sabedoria que devem estar no centro da
reflexão e, com isto, da fé cristã, mas a morte de Jesus Cristo. Aqui está o
centro de toda a teologia. Por este motivo, as igrejas cristãs têm no centro
dos seus altares a cruz ou o crucifixo, como a lembrar que o acontecimento mais
importante é a morte de Cristo.
O costume de celebrar a semana santa com
todas as suas tradições, que se formaram ao longo dos séculos, pode ser um
auxílio para compreender e memorizar que o centro de nossa fé cristã está na
morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. O Cristo ressuscitado é o
mesmo que morreu crucificado na Sexta-feira Santa. Mas a Semana Santa não se
encerra com a sexta-feira, mas no dia seguinte quando se celebra a vitória de
Jesus. Só há sentido em celebrar a cruz quando se vive a certeza da
ressurreição.
P. em. Meinrad Piske,
Brusque (SC)